Antes mesmo das fotografias e dos filmes, as representações das histórias humanas já existiam nas pinturas. A vantagem da projeção da vida é poder vê-la e revê-la quantas vezes quiser. Nos últimos anos vários filmes refletem o prolongamento da vida exigindo redefinição das relações sociais, bem como lugares de expressão dos discursos e dos lugares possíveis de se exercer a cultura da longevidade. Na realidade, os filmes são recursos audiovisuais que viabilizam a percepção crítica sobre a realidade do processo de envelhecimento, possibilitando a contraposição a ideias preconceituosas e vigência de estigmas sobre a velhice em si, o envelhecimento e a pessoa idosa.
A escolha pelo cinema como ferramenta de reflexão e mudança se concretiza neste Catálogo, que objetiva instrumentalizar profissionais de diversas áreas que trabalham com pessoas acima de 60 anos, sugerindo inclusive questões a serem debatidas no interior do grupo. O Catálogo faz uma classificação de filmes contemporâneos norte-americanos, europeus, asiáticos e latino-americanos que trabalham com a temática da velhice e da intergeracionalidade. Um excelente recurso didático, afinal, o cinema não é só entretenimento. Cada vez mais ele vem sendo um ótimo recurso de diversas aprendizagens ao longo da vida por ser facilitador da produção de significados e ampliar a nossa visão sobre a realidade. Trata-se de uma “ferramenta” de análise de situações da vida cotidiana já que os filmes podem auxiliar na compreensão de diferentes experiências vitais, alertando sobre diversos aspectos da vida que envolvem a nossa existência cada vez mais longeva.
E o que tem isso a ver com os desafios que a velhice enfrenta? Ora, tudo! A velhice é um tabu, fingimos que ela não existe mesmo sendo inevitável como condição humana. Fazemos parecer que a renovação fica na direção contrária do envelhecimento, e não à toa; em uma sociedade que se valoriza em demasia o jovem, o velho é excluído da construção do mundo em detrimento da juventude.
É a partir desse lugar que este catálogo, fruto de projetos de iniciação científica do curso de Psicologia da PUC-SP, coordenado pela professora Beltrina Côrte desde 2014, foi pensado. Com o auxílio do cinema latino-americano, norte-americano, europeu e asiático, dividimos os filmes em nove temas principais: amizade e afeto; aposentadoria e trabalho; comunicação intergeracional e/ou transmissão de legado; dependência e/ou institucionalização; dinâmica familiar; envelhecimento e adoecimento; luto e morte; preconceitos, estereótipos e/ou ressignificação de vida; sexualidade e amor. O objetivo aqui é simples, o cinema é o ponto de partida para o “falar sobre”, custoso para quem sofre e necessário à qualquer transformação social e individual.
Avaliações
Não há avaliações ainda.